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Mário Sant'Ana

ESG: A chance de mudar o Brasil pela educação

Atualizado: 20 de set. de 2022

Publicado originalmente em NSC Total, por Mário Sant'Ana


Em 2021, a Fundação Bradesco investiu R$ 715 milhões em educação de qualidade. Nos últimos dez anos, foram cerca de R$ 8 bilhões — mais do que qualquer município catarinense no mesmo período.


A instituição não recebe doações do banco cujo nome carrega. É acionista. É dona de cerca de 17% das ações ordinárias do Bradesco e, por isso, a presidente da Fundação Bradesco tem uma cadeira no Conselho de Administração do banco.


Em 1962, a instituição inaugurou a primeira de 40 escolas onde mais de 43 mil estudantes cursam atualmente os ensinos fundamental e médio. A Fundação também oferece ensino profissionalizante em várias áreas. Um de seus egressos, Cesar Martins da Costa, fez o curso técnico de Processamento de Dados entre 1990 e 1993. É o atual Superintendente Executivo do Bradesco.


O Município de Laguna é o endereço da única escola da Fundação Bradesco em Santa Catarina, onde hoje estudam mais de 1400 alunos. Quando conheci essa unidade em 2001, notei que ali abundavam os sinais das organizações bem administradas. Dentre eles, o mais emblemático para mim foi o relatório que os responsáveis pela merenda dos estudantes estavam preparando.


Dentre vários indicadores de qualidade, o documento incluía os motivos de algumas guarnições terem sobrado: “Oferecemos refeições bem balanceadas, adequadas ao clima e aos hábitos locais. Pesamos o que sobra nas bandejas e procuramos entender por que certos alimentos não foram consumidos. Talvez erramos no preparo.” —explicou-me a nutricionista. Além de subsidiar as melhorias na cozinha da unidade catarinense, relatórios assim eram enviados regularmente para a sede da Fundação Bradesco, em Osasco. “Os estudantes precisam se alimentar bem, a comida tem de ser gostosa e não pode haver desperdícios.”— salientou a diretora da escola.


Notei que aquela busca por excelência operacional era parte de algo maior, um compromisso estratégico com a educação que me encantou quando conheci, no mesmo ano, a então diretora-executiva da Fundação Bradesco.


Durante nossa conversa, Ana Luísa Restani comentou sobre a taxa anual de evasão nas escolas da sua rede: 2%. Acostumado a índices de abandono escolar muito mais elevados, parabenizei a executiva. Todavia, para minha grata surpresa, fui imediatamente corrigido: “Mário, isso equivale a 800 estudantes. É como se todos os anos fechássemos duas escolas para 400 alunos. Não pode acontecer! É inaceitável!”


A combinação de visão macro e atenção aos detalhes não é por acaso nem fruto apenas da elevada competência e dedicação dos profissionais da Fundação Bradesco: está no DNA da organização. Trata-se de outra dimensão, cuja mensuração escapa do alcance dos números, mas que pode ser percebida na lição que nos dá a biografia de Lia Maria Aguiar.


A filha e herdeira de Amador Aguiar não possui filhos e decidiu doar todo o seu patrimônio para a fundação que leva o seu nome. Será a maior doação de uma pessoa física na história do Brasil, cerca de US$ 1,2 bilhão.


Lia foi adotada ainda bebê pelo fundador do Bradesco depois de ter sido abandonada na frente de uma das agências do banco. Amador Aguiar e a esposa, Elisa, adotaram também Lina, gêmea de Lia, e Maria Angela Aguiar Bellizia.


É um caso brilhante de valores pessoais se traduzindo em mudanças estruturais para o bem de muitos.


Ao longo desta série de artigos sobre educação, discutimos conceitos e falamos dos desafios estruturais e conjunturais que enfrentam estudantes, seus familiares, docentes e gestores. Também chamamos a atenção para pesquisas e experiências, no Brasil e no exterior, que podem servir de referência para mudanças capazes de beneficiar escolas e redes educacionais, mas, principalmente quem estuda.


Neste último artigo, comentei brevemente a inspiradora obra da Fundação Bradesco e o extraordinário legado do seu fundador: o empreendedor, banqueiro, filantropo e pai Amador Aguiar.


Sem dúvida, é uma história de sucesso que pode e deve inspirar outras lideranças a investir na educação de suas cidades. Não sugiro que tenham suas próprias escolas, mas que se envolvam com a educação, aproximem-se das secretarias de seus municípios, promovam a educação de seus liderados, descubram como podem ajudar as escolas de suas cidades e apoiem organizações do terceiro setor que se dedicam a ajudar crianças e adolescentes a aprender bem. E a agenda ESG (sigla em inglês para Ambiental, Social e Governança) oferece um excelente caminho para esse engajamento.

Como disse Ana Luísa Restani, “Se as empresas que são 1% do que o Bradesco é fizerem 1% do que o Bradesco faz pela educação, o Brasil muda.”


E essa é a educação que importa.


Conectando os pontos:

  • O acesso a educadores experientes é um fator determinante para o sucesso dos estudantes.

  • Para isso acontecer a mais meninas e meninos, é preciso mudar a estrutura atual que distribui mal os docentes com mais tempo de sala de aula.

  • Os mestres mais tarimbados podem ajudar os novatos a reduzir o tempo que gastam com tarefas administrativa e com o controle do comportamento dos estudantes para se tornarem mais efetivos na arte de ensinar.

  • É preciso melhorar a qualidade dos que cursos de licenciatura, atraindo e formando os melhores talentos. Quem mais aprende tem de ensinar mais.

  • O bom professor da educação básica é aquele cujos alunos aprendem o básico. É para isso que devem ser preparados, com menos teorias sobre o mundo que precisamos e mais técnicas para preparar o estudante para viver bem e melhorar o mundo atual.

  • Empresários e outras lideranças devem contribuir com as autoridades e profissionais da educação para minorar as graves perdas na educação causadas pela covid-19.



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